Neste episodio, vamos explorar a evolução da Santa Missa desde os primeiros séculos até o século II, com foco na sua estrutura e desenvolvimento. Nossa jornada começa com a Santa Missa na era apostólica e avança até o início do século II, revelando como a celebração da Eucaristia foi se moldando ao longo do tempo.
1. A Missa na Era Apostólica
O Sacramento da Missa, como conhecemos hoje, tem suas raízes profundas nos primeiros momentos da Igreja. Após a Ressurreição de Cristo, os apóstolos e seus sucessores começaram a celebrar a Eucaristia, mantendo viva a memória da Última Ceia de Jesus. São Paulo, em sua carta aos Coríntios, descreve com clareza como a Missa era celebrada: Jesus tomou pão e vinho, declarou-os Seu Corpo e Sangue e ordenou que fosse feito em memória d’Ele (1 Coríntios 11:23-26). Essa prática, que começou como uma tradição oral, foi essencial para a preservação da fé cristã antes mesmo da compilação das Escrituras.
No início, a celebração da Missa era transmitida oralmente de geração para geração, refletindo a importância da Sagrada Tradição. A ausência da Bíblia completa não impediu a Igreja de viver a Eucaristia, pois a Tradição Sagrada sustentava a fé cristã e moldava a liturgia.
2. A Missa no Século I
Avançando para o final do século I, observamos que a Missa já havia se estabelecido com uma forma clara. Santo Inácio de Antioquia, em sua carta aos cristãos de Esmirna (circa 107 d.C.), identifica a Eucaristia como a Carne de Cristo, uma crença fundamental desde os primórdios do cristianismo. Este reconhecimento não era apenas simbólico, mas uma afirmação da presença real de Cristo na Eucaristia.
3. O Século II e a Estrutura da Missa
O século II marca um ponto crucial na formalização da estrutura da Missa. A carta de São Justino Mártir, datada de aproximadamente 150 d.C., fornece um detalhado relato da celebração eucarística daquele tempo. São Justino descreve o “dia do Sol” (o domingo) como o dia da reunião dos cristãos, um dia dedicado à celebração da Eucaristia e à leitura das Escrituras.
Ele detalha as partes da Missa como as conhecemos: a leitura das memórias dos apóstolos e das Escrituras, a homilia, a oração comunitária, o rito da paz, e a apresentação do pão e do cálice. Esse relato confirma que a estrutura básica da Missa estava presente no século II e seguia uma forma já estabelecida, evidenciando a continuidade da Tradição Apostólica.
4. A Transição do Judaísmo para o Cristianismo
Nos primeiros séculos, a Igreja primitiva ainda estava imersa na cultura judaica. Os cristãos continuavam a participar das práticas judaicas, como a ida à sinagoga. Contudo, à medida que a Igreja se desenvolvia, ela se distanciava progressivamente das práticas judaicas, reconhecendo que Jesus havia instituído uma nova Aliança. Essa transição gradual é visível nas cartas de São Paulo e nos Atos dos Apóstolos, onde ele discute as questões relacionadas à lei judaica e as práticas cristãs emergentes.
5. A Importância da Tradição
A Missa, como celebrada hoje, é o resultado de um longo processo de desenvolvimento, desde a prática dos apóstolos até a formalização no século II. É fundamental entender que a Bíblia, como a conhecemos, nasceu da Tradição e da vida da Igreja. A estrutura da Missa, preservada e desenvolvida pela Igreja, é um testemunho da continuidade e da fidelidade à Tradição Apostólica.
Conclusão
A celebração da Santa Missa, desde seus primeiros momentos, reflete a profunda importância da Eucaristia na vida da Igreja. A estrutura que vemos hoje tem suas raízes na prática dos apóstolos e nas tradições que foram estabelecidas e preservadas ao longo dos séculos. Ao refletir sobre a evolução da Missa, somos lembrados da importância de manter a tradição e de viver o Sacramento com a reverência e a devoção que ele merece.