“Se com Cristo morremos, com Ele ressuscitaremos.”(cf. Rm 6,8)
Após contemplarmos, na aula anterior, os primeiros artigos do Credo — que falam da criação, da Encarnação e do sofrimento redentor de Cristo — damos agora sequência ao itinerário da fé, penetrando os mistérios da Ressurreição, da Ascensão, da vinda gloriosa do Senhor, do Espírito Santo e da Santa Igreja.
Nesta segunda parte, o Credo se torna um anúncio de esperança: a morte foi vencida, a Igreja vive, o Espírito guia, e a eternidade nos aguarda. Vamos, então, ponto a ponto, beber da fonte da doutrina que a Igreja confessa desde os primeiros séculos, e que forma o coração da fé católica.
Ao declarar que Cristo desceu à mansão dos mortos, a Igreja afirma que Ele entrou no reino da morte, não como prisioneiro, mas como Senhor. Ali, onde os justos aguardavam a redenção prometida, o Cristo penetrou para libertar os que haviam vivido na esperança do Messias: Abel, Noé, Abraão, Moisés, Davi… Aqueles que, mesmo sem ver o Salvador, creram na promessa de Deus.
Este descenso manifesta o domínio absoluto de Cristo sobre todas as realidades: céu, terra e infernos. Ele venceu o pecado na cruz, e a morte foi submetida ao seu poder. A descida à mansão dos mortos é, portanto, o início de sua vitória.
Em seguida, professamos a Ressurreição ao terceiro dia — centro da fé cristã. Não se trata de um símbolo, uma metáfora ou um consolo piedoso. É um fato real, atestado pelos apóstolos, pelas testemunhas, pela história da Igreja. Cristo ressuscitou com seu verdadeiro corpo, agora glorificado, inaugurando uma nova criação.
“A cruz não é o fim, é o meio. O túmulo está vazio. Eis a razão da nossa esperança.”
Como ensinava o Cardeal Fulton Sheen: não olhamos para o túmulo de Cristo por saudade, mas por promessa. A ressurreição não é um detalhe; é a vitória de Deus sobre o maior inimigo do homem: a morte.
Jesus, com seu corpo glorificado, ascendeu ao Céu. Isso significa que nossa humanidade já está junto do Pai. O céu, outrora morada de Deus, é agora também o destino do homem redimido.
Assentado à direita do Pai, Cristo reina. Ele intercede, governa, sustenta sua Igreja. E como dizia o Cardeal Sheen: “Cristo levou suas chagas para o Céu. Lá, o Amor crucificado reina para sempre.” Ou seja, o céu não esquece o preço da redenção.
O Cristo que subiu é o mesmo que padeceu. Suas marcas gloriosas são o testemunho eterno do amor. E assim também será conosco: no Céu, nossas dores santificadas se tornarão sinais de glória.
Cristo virá de novo. Esta segunda vinda será visível, gloriosa e definitiva. Já não mais como Servo sofredor, mas como Rei e Juiz. Este artigo recorda a realidade do juízo: todo homem será julgado por suas obras, sua fé, seu amor.
Já experimentamos o juízo particular ao morrer, mas o juízo final será universal — revelando diante de todos a verdade da história e a justiça de Deus. Cristo virá com suas chagas, e as chagas serão glória para os que amaram, e condenação para os que rejeitaram.
“Ou O amaremos como Salvador ou O temeremos como Juiz. Mas ninguém ficará indiferente.”
Professamos aqui a fé na terceira Pessoa da Santíssima Trindade — o Espírito que procede do amor do Pai e do Filho, e que é derramado sobre a Igreja. Ele não é uma força, uma energia ou um símbolo: é uma Pessoa divina, Senhor e vivificador.
O Espírito Santo age no íntimo da alma, consolando, iluminando, inflamando na caridade, guiando-nos à verdade completa. É Ele quem conforma nossa alma à vontade do Pai, sustentando-nos na caminhada de santidade.
A fé na Igreja é a fé em um mistério sobrenatural, não em uma mera instituição humana. A Igreja foi fundada por Cristo, alimentada pelo Espírito e sustentada pela sucessão apostólica. Ela é santa porque Cristo é sua Cabeça, e vive nela por meio dos sacramentos, da doutrina e do magistério.
Negar a Igreja é amputar o Cristo, como disse Fulton Sheen. Cristo vive na Igreja, e quem a persegue, persegue a Ele — como o próprio Senhor disse a Saulo: “Por que me persegues?” (At 9,4)
A comunhão dos santos expressa essa unidade invisível entre os fiéis, vivos e mortos. A Igreja militante (na terra), padecente (no purgatório) e triunfante (no Céu) formam um único corpo. Os méritos de um sustentam o outro. E por isso, a intercessão dos santos é real, eficaz e querida por Deus.
Jesus, na cruz, pagou o preço do nosso pecado. Mas essa graça precisa ser recebida concretamente, e é nos sacramentos — especialmente na Confissão — que o sangue redentor nos é aplicado.
Cristo confiou aos apóstolos (e seus sucessores) o poder de perdoar os pecados: “A quem perdoardes os pecados, serão perdoados” (Jo 20,23). Por isso, o perdão não é subjetivo ou imaginário, mas real e sacramental, conferido por um ministro ordenado, em comunhão com o bispo.
O corpo não será descartado. Ele será glorificado. O cristianismo não crê em reencarnação, mas em ressurreição. A carne que sofreu, que se ajoelhou, que amou, não será abandonada.
“O corpo será mais real do que é agora, porque será purificado da corrupção do pecado.”
Na ressurreição final, o corpo será espiritual, luminoso, impassível. Cada um ressuscitará com seu próprio corpo — não como era, mas como deveria ter sido.
O último artigo é o grito de esperança da alma cristã. A eternidade não é um estado vago. É vida plena em Deus. Uma felicidade sem fim, onde todo sofrimento será sanado, toda lágrima enxugada, e o amor será absoluto.
Dizer “Amém” ao final do Credo é assinar com a alma aquilo que professamos com os lábios. É declarar: “Sim, eu creio. Sim, é por isso que eu vivo. Sim, é para isso que eu espero.”
O Credo Apostólico é mais que um texto decorado: é o mapa da nossa alma, a profissão do nosso destino, a herança da Igreja, o hino dos mártires, a linguagem dos santos.
Um catequista que não crê ou não entende o Credo ensina um Cristo incompleto. Por isso, é preciso meditar, estudar e amar cada palavra, cada artigo, cada verdade.
É isto que forma o coração católico. E é isto que sustenta a esperança cristã.
“É lindo ser católico — porque é glorioso crer em tudo isso.