1. Definição segundo o Catecismo
“Com a sagrada unção dos enfermos e a oração dos presbíteros, toda a Igreja recomenda os doentes ao Senhor sofredor e glorificado, para que os alivie e os salve.”
(CIC 1499)
O sacramento da Unção dos Enfermos é um remédio de fortaleza espiritual e, quando Deus permite, de cura corporal, conferido aos fiéis que se encontram em perigo por motivo de enfermidade grave, idade avançada ou proximidade da morte.
Não é “extrema-unção”, como se fosse apenas um sacramento dos moribundos, mas um dom de consolo, coragem e união com o Cristo sofredor, dado em momentos de provação física.
2. Fundamento bíblico
Tiago 5, 14-15:
“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo; o Senhor o aliviará e, se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.”
Cristo passou pelo mundo curando os doentes, tocando os corpos feridos, acolhendo os que sofriam.
No sacramento da Unção, essa compaixão divina continua presente na Igreja, como gesto visível de sua presença entre os que padecem.
3. Finalidade do Sacramento
União mais íntima com a Paixão de Cristo.
Fortaleza, paz e coragem para suportar o sofrimento.
Perdão dos pecados, se a pessoa não puder se confessar.
Possível restauração da saúde física, se for para o bem da alma.
Preparação para a passagem à vida eterna, se a morte se aproxima.
“A graça principal do sacramento é uma graça de conforto, paz e coragem para vencer as dificuldades próprias do estado de doença grave ou da fragilidade própria da velhice.”
(CIC 1520)
4. Quem pode receber
Todo fiel batizado em estado de uso da razão, que esteja gravemente enfermo, prestes a submeter-se a uma cirurgia de risco, envelhecido com fragilidade ou em perigo de morte.
Pode ser repetido quando a pessoa piora, ou em nova enfermidade grave.
Crianças só recebem se tiverem uso da razão.
Não é para pessoas mortas; nesse caso, o sacerdote reza as orações pelos defuntos.
5. Rito e elementos essenciais
Matéria: Óleo dos enfermos (óleo de oliva ou outro vegetal abençoado pelo bispo na Missa Crismal).
Forma: Oração sacramental, invocando a graça e a cura de Deus.
“Por esta santa unção e pela sua piedosa misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e te conforte.”
Ministro: Somente o sacerdote ou o bispo.
6. Importância espiritual
Não é um “aviso de morte”, mas um dom de vida e esperança.
A presença de Cristo que vem visitar aquele que sofre.
Une o sofrimento humano ao sacrifício redentor da cruz – transformando a dor em oblação.
Liberta da angústia e do desespero, restaurando a paz e a confiança no Senhor.
7. Frutos espirituais
Perdão dos pecados (quando há impossibilidade de confissão).
Reforço das virtudes teologais (fé, esperança e caridade).
Consolo diante da solidão e da morte.
Confirmação na graça e possibilidade de cura.
A alma se prepara, como a lâmpada acesa, para o encontro com o Esposo.
8. Testemunho dos Santos
São Camilo de Léllis, fundador dos Camilianos, dizia:
“Nosso Senhor visita os doentes com o mesmo amor com que visitava os leprosos em Cafarnaum.”
Santa Teresinha do Menino Jesus recebeu a Unção dos Enfermos com profunda consciência da sua união à Cruz de Cristo, dizendo:
“Ofereço minha vida para salvar as almas, e para isso recebo a visita de Jesus nesta santa unção.”
9. Correções pastorais
Não é preciso esperar “o último instante” para chamar o padre. Quanto antes, melhor.
A família deve pedir o sacramento com fé, e não como mera formalidade.
Nunca negar o sacramento a quem o deseja sinceramente, mesmo que a medicina já nada possa fazer.
Explicar aos catequistas e fiéis que a Unção não substitui a Confissão (quando possível), mas a completa com sua graça própria.
10. Frases para meditação
“Quando o corpo fraqueja, a alma pode ser levantada. Eis a missão da santa Unção: colocar a dor diante da Cruz e ali receber sentido.”
“Deus não abandona no sofrimento. Ele mesmo entra nele, e no sacramento, toca o enfermo com a mão do Crucificado.”
11. Disposição interior para receber
Fé viva no poder de Deus.
Aceitação dos desígnios de Deus, seja para a cura, seja para o retorno à casa do Pai.
Arrependimento sincero (se possível, com Confissão prévia).
Desejo de unir a dor à cruz de Cristo – com sentido redentor.